Helton Leite foi acordado «por um telefonema de um grande amigo de Portugal, preocupado com o terramoto». Então, o guarda-redes que trocou o Benfica pelo Antalyaspor, em janeiro, ainda desconhecia o que tinha acontecido. Vive em Antália, a cerca de 600 quilómetros do epicentro de terramoto que não sentiu. Como o dia era de folga, o brasileiro aproveitou para dormir mais de manhã.
«Queria saber se estava tudo bem comigo e, no início da conversa, nem estava a entender nada do que dizia», confessou o guarda-redes de 32 anos, cuja mulher ainda está em Lisboa. «Depois, ligaram-me os familiares e outros amigos. Comecei a ver as notícias, mas estou aqui há pouco mais de duas semanas e não percebo turco. Procurei no Google e no Twitter e só então me dei conta da dimensão de tudo o que estava a acontecer», acrescentou.
Quando Helton saiu de casa para almoçar, tudo parecia «normal», embora notasse diferença muito importante: «Senti a apreensão pelo que estava acontecer. E, claro, muita tristeza. Falei, também, com alguns companheiros de equipa, que têm familiares na zona afetada. Soubemos do guarda-redes que morreu [Eyup Turkaslan, do Yeni Malatyaspor] e de jogadores desaparecidos. E, depois, aquele vídeo do Demirel [treinador do Hatayspor] teve um impacto muito forte. Aí dei-me conta: caramba, foi um desastre gigante.»
O telemóvel passou o dia todo a tocar, Helton Leite respondeu a quem estava preocupado. Ao mesmo tempo foi descansando com as notícias de que os amigos que jogam na Turquia estavam bem. «As pessoas estão a viver sob um espírito de tristeza a apreensão. Foi muito, muito forte. Houve réplicas durante todo o dia», insistiu, revelando, depois, que o clube está a mobilizar-se para ajudar as vítimas e que, hoje, os jogadores serão informados de como podem contribuir. «O meu maior desejo, do coração, é que todos os desaparecidos possam ser encontrados bem e que Deus possa confortar o coração de quem perdeu familiares ou amigos. E que todos, em Portugal e no resto do Mundo, orem e ajudem como puderem. É um momento delicado e triste», rematou.