HÁ três anos, a UEFA decidiu punir o Manchester City com dois anos de suspensão das competições europeias, e uma multa de 27 milhões de euros, por alegado incumprimento das regras do fair-play financeiro. Os citizens recorreram para o TAD e viram o castigo reduzido substancialmente: não só puderam continuar a jogar nas provas da UEFA, como apenas tiveram de pagar nove milhões de euros. Desta feita, não foi a UEFA a agir contra o clube que é propriedade de Khaldoon Al Mubarak, dono do City Group e detentor de alto cargo no governo de Abu Dhabi (o que na prática sempre fez do City um clube-Estado, à imagem do que sucede com o PSG [Catar], ou com o Newcastle [Arábia Saudita]), mas a própria Premier League, que invoca infrações cometidas entre 2009 e 2018, não sendo demais recordar, a propósito, que foi precisamente a prescrição de alguns procedimentos que esteve na base da sanção ‘leve’ do TAD ao clube de Manchester em 2020.Ao contrário do que sucede em Itália, onde sempre tiveram o dedo leve no gatilho das punições aos clubes (como é o caso da Juventus, que já perdeu 15 pontos e não sabe se o estrago fica por aí), a morosidade tem, regra geral, comprometido ações contra presumíveis infratores, em todas as latitudes.No que toca à aplicação das regras do fair-play financeiro, que já penalizaram, entre muitos outros, o FC Porto, o Sol quando nasce deve ser para todos, ricos ou pobres, dos big five ou periféricos. E só faz sentido, para quem comete a malfeitoria não sair com um sorriso nos lábios, após uma mera palmada na mão, que as ações sejam tomadas em tempo útil, sob pena de perderem não só eficácia, mas também o sentido. O Desporto vive e alimenta-se de emoções e há demasiadas coisas resolvidas a jusante, quando, em nome da igualdade de oportunidades, só faria sentido que fossem resolvidas a montante. EPIDEMIAS, guerras, crises sociais e catástrofes naturais fazem parte, desde sempre, da vida do Homo Sapiens. Depois de um crash económico que levou o Estado português à bancarrota, de uma pandemia que ceifou milhões de vidas, e de uma guerra estúpida que está a obrigar a Ucrânia a defender-se da Rússia, vemo-nos agora confrontados com um sismo de grande intensidade, numa área muito debilitada socialmente do planeta. Umas atrás das outras, há dez anos que não há sossego nem se consegue olhar o futuro como horizonte de esperança. Nos dias que correm, está difícil encontrar uma notícia que nos aqueça a alma. Liga-se a televisão e deparamo-nos com um País de gente zangada, sem fé nas instituições, e apreensiva com o futuro. Um País que perde uma juventude altamente qualificada para o estrangeiro, e não se organiza para receber dentro de parâmetros de decência humana quem para cá vem em busca de um a vida melhor. Aliás, terá sido a vitória de Portugal no Europeu de 2016 uma das raras andorinhas que voou, embora sem fazer a primavera, dando-nos uma alegria coletiva como poucas vezes se viu...