O Sporting está pela sétima vez na final da Taça da Liga, depois duma meia-final de contrastes contra o Arouca, uma das revelações do campeonato - ocupa o 6.º lugar. Na primeira parte, o leão encantou, mesmo beneficiando da falta de atrevimento do adversário e de alguma felicidade no caso do jogo (ver texto na página ao lado) que lhe permitiu adiantar-se no marcador; na segunda, a equipa de Rúben Amorim foi surpreendentemente encostada às cordas de início - como se tivesse arrefecido demasiado com os largos minutos em que esperou, no relvado, que o Arouca regressasse do intervalo - e depois do empate foi muito menos dominador e muito mais inseguro que nos primeiros 45 minutos, mas acabou por conseguir chegar ao triunfo.[!GALERIA=684!]E conseguiu-o com a raça de dois leões em noite inspirada. Paulinho foi o herói, com dois golos à ponta de lança, oportunos, na área, mas quem fez maiores milagres foi o Santos da asa (da esquerda). Nuno esteve em todos os lances de perigo do Sporting, incluindo nos dois golos, e foi a única fonte de luz permanente quando as sombras escureceram o futebol do leão.Que tenha sido necessária a genialidade do ala esquerdo para o Sporting chegar ao triunfo não deixa de ser surpreendente, considerando a forma como a equipa encantara no primeiro tempo. Com o Arouca preocupado sobretudo em defender, recuando sempre Uri Busquets para junto dos centrais e muitas vezes Sylla e Antony para perto dos laterais, ficando numa espécie de 7x2x1, o leão foi capaz, mesmo assim, de encontrar espaços para criar muito perigo. Paulinho antecipa-se a Thiago para responder a cruzamento da esquerda de Nuno Santos e, de pé esquerdo, faz o golo da vitória do Sporting sobre o AroucaOs 14 remates do primeiro tempo não foram tentativas de longe, sem nexo. Não. Quase todos foram feitos dentro da área e só a falta de pontaria e a boa exibição de Thiago na baliza arouquense fizeram com que só o 14.º remate tivesse sucesso. Adán foi apenas espetador, tirando defesa logo aos 2 minutos a remate de Basso em lance que seria anulado por fora de jogo - até o foi aos 45+1’, no golo anulado a Antony, vendo a bola entrar no canto mais distante, mas foi salvo pelo VAR.OS 105 METROS DO RELVADOO Arouca, no entanto, valia bem mais do que mostrou nesses primeiros 45 minutos. Empatou aos 58’, naquele que foi o seu quarto remate do segundo tempo - só tinha feito um na primeira parte... De repente, subira as linhas e começara a pressionar e a criar problemas ao Sporting. Arriscou um pouco, mas ganhou mais do que perdeu. E, confiante com a forma como, nesse quarto de hora inicial da segunda metade, tornara o leão banal, mesmo depois de empatar manteve-se atrevido, não esqueceu que o campo tinha 105 metros e não 52,5, continuou a tentar e a conseguir sair com bola, ainda que, tendo recuado as linhas, tivesse mais metros para percorrer.[!VSPORTS=https://abola.vsports.pt/embd/82636/m/15027/abola/6bf4819079423d3d014981b131383270?autostart=falsehttps://abola.vsports.pt/embd/82636/m/15027/abola/6bf4819079423d3d014981b131383270?autostart=false!]Para essas ameaças, contou com a quebra do meio-campo do Sporting - Morita, tão bem na primeira parte, durou menos de uma hora e Ugarte também perdeu pulmão. O Arouca podia ter marcado, mas o Sporting também - antes de oferecer a Paulinho o 2-1, Nuno Santos já tinha convidado Ricardo Esgaio e Pedro Porro a marcarem, mas na direita da casa leonina não havia santos... Acabou por decidir a inspiração do ponta de lança mal amado, numa noite com bom futebol, emoção e a prometer bastante para a final de sábado. O TRISTE MOMENTO EM QUE A LEI E A JUSTIÇA ENTRAM EM CONFLITOO caso do jogo, talvez até o momento determinante (embora tanta coisa decisiva tenha acontecido depois), surgiu na compensação da primeira parte. Aos 45 minutos, Nuno Santos bateu um livre lateral diretamente ao segundo poste e Thiago, em voo, negou o golo. Na sequência do canto, o Arouca saiu em contra-ataque, finalizado com momento de génio de Antony, um chapéu em trivela ao poste mais distante que deixou Adán pregado ao chão. Fábio Veríssimo explica o motivo para a anulação do golo ao Arouca: mão de João BassoSó que o golo não contou. No início do lance, Coates fizera falta sobre João Basso, que ao cair tocou na bola com o braço e depois fez menção de agarrá-la - e tocou-lhe mesmo, terão entendido o VAR e Fábio Veríssimo, que viu as imagens à beira do relvado. Conclusão: livre a favor do Sporting perto da área do Arouca, combinação de Nuno Santos com Edwards, cruzamento do primeiro para a área, assistência de cabeça de Pedro Gonçalves e golo de Paulinho.Infelizmente, viveu-se em Leiria claro momento em que a lei e a justiça entraram em conflito, o que nunca é bom. As leis existem, fundamentalmente, para que haja justiça. E é injusto que o Arouca sofra o golo na sequência dum livre por mão na bola em que essa mão na bola só acontece porque há falta de um jogador do Sporting (Coates) sobre um do Arouca (Basso) e o árbitro dá a lei da vantagem. Armando Evangelista, treinador dos arouquenses, falou precisamente disso na conferência de imprensa final, dizendo que o protocolo do VAR impedia que fosse marcada a falta de Coates. Pois então que se mude o protocolo. Quando uma falta dum jogador é provocada por outra falta dum adversário, com ou sem VAR, tem de ser assinalada a primeira, não a segunda.