Dos fracos não reza a história (artigo de José Neto, 93)

Espaço Universidade Dos fracos não reza a história (artigo de José Neto, 93)

ESPAÇO UNIVERSIDADE23.10.201900:31

A capacidade humana para superar adversidades é fenomenal. Então quando entramos no domínio da conquista de valores que colocam na história do tempo a circunstância de ser validada pela conquista do aplauso, os seres humanos são maravilhosamente imprevisíveis.
 

No conjunto das recentes eliminatórias da Taça de Portugal verificamos que, uma grande parte das equipas que teoricamente se definiam como mais frágeis, renovaram perante adversários potencialmente mais fortes, um estímulo avassalador.
 

De acordo com os resultados observados podemos verificar que ficaram apuradas para a próxima fase 32 equipas, nomeadamente 14 clubes do Campeonato de Portugal, 7 clubes da 2ª Liga e 11 clubes da 1ª Liga.
 

Relativamente aos jogos mais surpreendentes, analisamos que clubes, tais como o Alverca, Sintra Football e Beira Mar do Campeonato de Portugal e ainda Farense, Feirense, Académica de Coimbra e Desportivo de Chaves afastaram clubes da 1ª Liga, respetivamente o Sporting, Vitória S.C., Marítimo, Desportivo das Aves, Tondela, Portimonense e Boavista.
 

De referir que o Casa Pia, clube da 2ª Liga, perdeu em casa frente ao Vizela, prestando provas este clube no Campeonato de Portugal e o Famalicão, atual líder da 1ª Liga, apenas venceu na marcação de pontapés de grande penalidade o Lusitânia de Lourosa do Campeonato de Portugal. Ainda a considerar o Sporting de Espinho que atua no Campeonato de Portugal que eliminou o Vilafranquense da 2ª Liga e o Rio Ave F.C. venceu o Condeixa com um golo solitário numa partida de baixo rendimento para a equipa Vilacondense.
 

Penso que, à medida que os resultados se iam mostrando favoráveis para estas equipas consideradas hipoteticamente mais fracas, se foi transformando num sentimento de orgulho participativo exemplar e como sabemos quando a crença se converte em convicção profunda, os resultados aparecem.
 

Por outro lado, as equipas que tinham “obrigatoriamente” a necessidade de demonstrar a sua superioridade e ganhar, vendo por parte do adversário um comportamento balizado pela excelência competitiva, foram baqueando pela maldita crise de ansiedade participativa, acusando um estado de perturbação e negligência emocional, com as consequências conhecidas.
 

Quanto a mim, quando o medo de perder supera a vontade de ganhar, perde-se quase sempre, os nervos e a angústia faz aumentar a fadiga e o tempo de jogo avança como um pesadelo demolidor.
 

Entusiasmo, confiança, alegria, felicidade, otimismo, foram gerando um ciclo virtuoso onde se viram estimulados os mecanismos do encontro com o êxito pensado para o sucesso conseguido, transferindo para a oportunidade rara de poder fazer o jogo das suas vidas e dando razão ao ditado português bem conhecido de que “ dos fracos não reza a história”.
 

Interessante será agora continuar a estudar o estado competitivo dessas equipas nas provas dos seus campeonatos e verificar o estado comportamental em relação ao rendimento e resultado. Um bom indicador para qualificar as razões que estarão ou não patentes no registo da sua verdadeira identidade.
 

José Neto: Metodólogo de Treino Desportivo; Mestre em Psicologia Desportiva; Doutorado em Ciências do Desporto/Futebol; Formador de Treinadores F.P.F/U.E.F.A.; Docente Universitário.